O projeto parte da consideração da cidade-parque. Se estrutura não a partir do edifício como peça central da intervenção, mas a partir de uma estratégia que se ampara fundamentalmente na relação entre áreas livres e construídas. Dessa forma desenha, antes de qualquer outro elemento, um eixo que define um recinto capaz de articular tanto o sistema de espaços verdes públicos à sudeste e noroeste da área de intervenção, de escala mais ampla, quanto às necessidades de recepção, acolhimento e distribuição das duas instituições que ali se instalarão, na escala da intervenção.
A determinação deste eixo estabelece, portanto, as condições para a implantação do edifício, uma lâmina paralela à direção supracitada, e que tem como frente de acesso não a via L2, mas uma praça, de caráter público, para a qual as instituições CAU e IAB estão igualmente voltadas. Esta implantação sugere tanto uma conexão simbólica entre as superquadras e o lago a partir do tecido verde contínuo, quanto uma potencial conexão física entre a via L2 e a via auxiliar do setor das embaixadas.
A partir da relação com a praça se definem os dois corpos que estabelecem o desenho do edifício:
O primeiro, as áreas de trabalho propriamente ditas, um prisma de aço e vidro, regular e absolutamente adaptável em seu interior pelo fato de estar livre tanto de núcleos de circulação e instalações quanto de elementos estruturais; e o segundo, o núcleo infraestrutural, onde estão posicionados elevadores, salas técnicas, shaft´s, sanitários e escadas.
Estes dois corpos exercem, além de suas funções intrínsecas, papéis centrais no que diz respeito ao desempenho térmico do edifício, além do aproveitamento dos recursos naturais à medida em que se posicionam as áreas de trabalho à nordeste, de orientação mais favorável; e o núcleo infraestrutural à sudoeste, atuando como barreira térmica natural.
Estas ações de caráter passivo estão associadas à outro elemento fundamental ao desempenho e funcionamento futuro do edifício; a estrutura que se configura como brise horizontal. A adoção deste brise como um único elemento horizontal tem duas intenções: A primeira associada ao potencial de geração de energia quando, em momento oportuno, forem instaladas placas fotovoltaicas, ao nível da cobertura, em sistema previamente dimensionado para receber a futura sobrecarga; a segunda intenção associada diretamente ao bem estar dos usuários, é a de desobstruir as visuais a partir da “torre” de forma a permitir a plena fruição dos maciços arbóreos na praça, cujas copas, em altura equivalente à dos espaços de trabalho, farão parte do dia a dia das atividades das instituições.
O projeto proposto procura responder de forma clara e objetiva tanto à preocupação de se construir uma cidade mais humana e que coloque o homem no centro dessa equação, quanto às preocupações mais imediatas das instituições com relação ao prazo e controle de custos. Procura, enquanto intenção fundamental, fazer com que se represente os mais altos anseios desta casa feita por, e, para, arquitetos.
Arquitetura:
Tais Cristina da Silva
Paulo Roberto dos Santos Barbosa
São Paulo Arquitetos
Cassio Oba
Gabriel Cesar e Santos
Eugênio Conte
COA Associados
Estruturas e Fundações:
Miguel Brazão
SP Project
Sustentabilidade e Instalações:
Luis Almeida
Greenwatt
Paisagismo:
Gabriella Ornaghi
Bianca Vasone
Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem